Sumário
- Introdução
- Objetivo do Estudo
- Regimes Tributários Aplicáveis
- O que são SAT, RAT, FAP e GILRAT?
- Definições e Importância
- Análise do Relatório Anual do FAT
- Estratégias para Redução de Alíquotas
- Como Diminuir o SAT, RAT e o FAP
- Práticas Legais e Conformidade
- Promoção de um Ambiente de Trabalho Seguro
- Assessoria Especializada
I – INTRODUÇÃO
Inicialmente, é importante salientar que o presente estudo serve apenas para as empresas optantes pelos regimes tributários do LUCRO PRESUMIDO e do LUCRO REAL, pois os demais regimes tributários, como o SIMPLES NACIONAL e o MEI, têm regras próprias onde não incidem o SAT, RAT, FAP e o GILRAT, que serão os focos do presente artigo, pois podem impactar, positiva e negativamente, na carga tributária da empresa.
Sob esse enfoque, como a Tributação Previdenciária deve ser uma preocupação constante para as empresas, pois impacta diretamente nos seus custos operacionais e, consequentemente, na sua margem de lucratividade, veremos como diminuir, legalmente, o valor dessas contribuições previdenciárias, focando nas contribuições denominadas SAT, RAT, FAP e o GILRAT.
II – MAS O QUE SÃO SAT, RAT, FAP E GILRAT?
No Brasil, o Sistema de Custeio da Previdência Social, é regulado pela Lei 8.212/91 e tem, dentre as suas fontes de custeio, as a seguir elencadas e que serão objeto do presente artigo.
- SAT – Seguro de Acidente do Trabalho;
- RAT – Risco Ambiental do Trabalho;
- FAP – Fator Acidentário de Prevenção; e
- GILRAT – Contribuição do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho.
Ao analisarmos o Relatório Anual do FAT das empresas, é possível identificarmos pontos específicos que demandam atenção, possibilitando correções e otimizações nos custos previdenciários.
O SAT financia benefícios relacionados à incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT) e suas alíquotas variam de 1% a 3%, conforme o grau de risco da atividade econômica (CNAE).
Estratégias para diminuir a tributação incluem a revisão e reclassificação da CNAE, quando possível, e a implementação de medidas de segurança no ambiente de trabalho para reduzir os riscos.
O RAT leva em consideração os riscos associados às atividades dos funcionários. Investir em programas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais pode impactar positivamente na alíquota do RAT, reduzindo os custos previdenciários.
O FAP é um índice aplicado sobre a contribuição do GILRAT, podendo resultar em redução ou aumento das alíquotas da SAT/RAT.
Para fazer a análise para diminuição dessas alíquotas, as empresas devem baixar o Relatório Anual do FAT, disponibilizado em setembro pelo INSS, e analisá-lo minuciosamente, para identificar e corrigir informações inconsistentes pode resultar em uma diminuição significativa do FAP e, consequentemente, da tributação previdenciária.
Outra alíquota importante também para ser analisada é a GILRAT que significa Contribuição do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho, uma das várias contribuições previdenciárias obrigatórias sobre as atividades laborais no Brasil.
A análise detalhada das atividades realizadas pela empresa pode indicar a possibilidade de um melhor enquadramento no GILRAT – Adicional de Atividade Especial e essa categorização pode impactar positivamente nas alíquotas previdenciárias.
III – COMO DIMINUIR O SAT, RAT E O FAP
Reduzir as contribuições previdenciárias, incluindo o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) e o Risco Ambiental do Trabalho (RAT), e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), envolve a adoção de práticas que estejam de acordo com a legislação vigente, sendo fundamental respeitar as normas e garantir que as ações estejam em conformidade com a lei.
Aqui estão algumas estratégias que as empresas podem adotar para gerenciar e diminuir os seus custos previdenciários:
– Promover um ambiente de trabalho seguro e saudável para reduzir o número de acidentes e, consequentemente, diminuir as alíquotas de contribuição ao SAT, RAT e FAP.
- Exemplo Prático: Uma empresa de manufatura implementou um programa de segurança no trabalho que incluiu a instalação de equipamentos de proteção coletiva e individual, além de campanhas de conscientização sobre práticas seguras. Como resultado, a empresa reduziu significativamente o número de acidentes, o que levou à diminuição das alíquotas de SAT e RAT.
– Procurar assessoria de profissionais especializados em Direito Previdenciário Empresarial e em Segurança no Trabalho e legislação previdenciária para garantir que a empresa esteja adotando as melhores práticas.
- Exemplo Prático: Uma empresa de tecnologia contratou uma consultoria especializada para revisar suas práticas de segurança e saúde no trabalho. A consultoria identificou áreas de melhoria e ajudou a empresa a implementar mudanças que resultaram na redução das alíquotas de SAT e RAT.
– Buscar a orientação de profissionais especializados em Direito Previdenciário Empresarial para ajudar a identificar oportunidades legais para otimizar os custos previdenciários.
- Exemplo Prático: Uma empresa de logística contratou um advogado especializado em Direito Previdenciário para analisar suas contribuições e identificar oportunidades de redução. O advogado ajudou a empresa a reclassificar suas atividades econômicas, resultando em uma alíquota menor de SAT.
– Estar em conformidade com as Normas Regulamentadoras estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, visando garantir a segurança e saúde dos trabalhadores.
- Exemplo Prático: Uma fábrica de produtos químicos revisou suas operações para garantir conformidade com as Normas Regulamentadoras. A empresa implementou medidas de controle de riscos e treinamentos regulares, o que resultou em uma redução das alíquotas de RAT e FAP.
– Revisar os dados utilizados no cálculo do FAP, verificando se estão corretos. Caso haja inconsistências, é possível contestar as informações junto à Previdência Social.
- Exemplo Prático: Uma empresa de construção civil analisou o Relatório Anual do FAT e identificou inconsistências nos registros de acidentes de trabalho. Após corrigir essas informações e adotar medidas preventivas, a empresa conseguiu reduzir o FAP, diminuindo assim a carga tributária.
– Monitorar regularmente os índices de acidentes de trabalho na empresa, identificando e corrigindo padrões recorrentes para reduzir a alíquota do FAP.
- Exemplo Prático: Uma empresa de mineração criou um comitê de segurança que realiza inspeções regulares e promove campanhas de conscientização sobre segurança no trabalho. Essas ações reduziram significativamente os acidentes, impactando positivamente nas alíquotas de SAT e RAT.
– Oferecer treinamentos regulares aos colaboradores sobre segurança no trabalho e práticas seguras. Colaboradores bem treinados são menos propensos a acidentes.
- Exemplo Prático: Uma empresa de transporte rodoviário oferece treinamentos mensais sobre segurança no trabalho para seus motoristas. Como resultado, houve uma redução significativa nos acidentes de trânsito, o que impactou positivamente nas alíquotas de SAT e RAT.
– Acompanhar os benefícios acidentários concedidos, procurando entender as causas e implementando medidas corretivas para evitar recorrências.
- Exemplo Prático: Uma empresa de serviços de limpeza monitorou os benefícios acidentários concedidos aos seus funcionários e identificou que a maioria dos acidentes ocorria devido ao uso inadequado de produtos químicos. A empresa então implementou treinamentos específicos sobre o manuseio seguro desses produtos, reduzindo a incidência de acidentes e, consequentemente, as alíquotas de SAT e RAT.
IV – COMO OTIMIZAR O GILRAT
O GILRAT (Gratificação de Incidência de Riscos Ambientais do Trabalho) é um componente da contribuição previdenciária que as empresas pagam sobre a folha de salários, destinado a custear benefícios relacionados a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
A otimização legal do GILRAT geralmente envolve práticas que visam reduzir os riscos ambientais do trabalho, melhorar as condições de segurança e saúde no trabalho, além de cumprir as normas regulamentadoras, tais como:
– Investir em Segurança do Trabalho: Implemente medidas de segurança no ambiente de trabalho para reduzir os riscos de acidentes e doenças ocupacionais. Isso pode incluir treinamento regular para os funcionários, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, sinalização, entre outras práticas.
- Exemplo Prático: Uma empresa de construção civil investiu na compra de EPIs de alta qualidade e realizou treinamentos mensais sobre segurança no trabalho. Como resultado, houve uma redução significativa nos acidentes de trabalho, o que impactou positivamente na alíquota do GILRAT.
– Adequar-se às Normas Regulamentadoras (NRs): Conheça e esteja em conformidade com as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que se aplicam ao seu setor. Cada setor pode ter regulamentações específicas que afetam o grau de risco ambiental.
- Exemplo Prático: Uma fábrica de produtos químicos revisou suas operações para garantir conformidade com as Normas Regulamentadoras específicas do setor. A empresa implementou medidas de controle de riscos e treinamentos regulares, resultando em uma redução das alíquotas de GILRAT.
– Programas de Prevenção: Desenvolva programas de prevenção de acidentes e promoção da saúde no ambiente de trabalho. Isso pode envolver a realização de avaliações de riscos, campanhas de conscientização e a implementação de boas práticas.
- Exemplo Prático: Uma empresa de logística criou um programa de prevenção de acidentes que incluiu avaliações de riscos trimestrais e campanhas de conscientização sobre segurança no trabalho. Essas ações reduziram significativamente os acidentes, impactando positivamente na alíquota do GILRAT.
– Laudo Técnico: Realize laudos técnicos de condições ambientais de trabalho para determinar o grau de risco. Esses laudos são fundamentais para o cálculo do GILRAT.
- Exemplo Prático: Uma empresa de mineração contratou um engenheiro de segurança para realizar laudos técnicos das condições ambientais de trabalho. Com base nos laudos, a empresa conseguiu reclassificar suas atividades para um grau de risco menor, reduzindo a alíquota do GILRAT.
– Treinamento e Capacitação: Mantenha seus funcionários treinados e capacitados para lidar com os riscos específicos de suas atividades. A qualificação adequada pode reduzir o número de acidentes e doenças ocupacionais.
- Exemplo Prático: Uma empresa de transporte rodoviário oferece treinamentos mensais sobre segurança no trabalho para seus motoristas. Como resultado, houve uma redução significativa nos acidentes de trânsito, o que impactou positivamente nas alíquotas de GILRAT.
– Acompanhamento Legal: Esteja atualizado com a legislação trabalhista e previdenciária para garantir que sua empresa esteja em conformidade e, assim, evitar multas e penalidades.
- Exemplo Prático: Uma empresa de serviços de limpeza monitorou as mudanças na legislação trabalhista e previdenciária e ajustou suas práticas conforme necessário. Isso garantiu a conformidade da empresa e evitou multas, além de otimizar a alíquota do GILRAT.
Lembre-se de que qualquer estratégia de otimização do GILRAT deve ser conduzida de maneira ética e legal, garantindo o bem-estar e a segurança dos trabalhadores. Consultar profissionais especializados em Direito Previdenciário Empresarial e em Segurança do Trabalho, é sempre recomendado para garantir o cumprimento correto das normas e regulamentações aplicáveis.
É importante destacar que todas as estratégias devem ser implementadas em conformidade com a legislação e respeitando os direitos dos trabalhadores. Recomenda-se sempre buscar a assessoria de profissionais especializados para garantir que as práticas adotadas estejam em conformidade com as normas vigentes.
V – CONCLUSÃO
A gestão eficiente da tributação previdenciária exige um entendimento detalhado das nuances das Contribuições Previdenciárias acima elencadas, visando a diminuição do SAT, RAT e FAP e a otimização do GILRAT.
Investir em prevenção de acidentes, contratar assessoria especializada em Direito Previdenciário Empresarial, revisar classificações, e analisar cuidadosamente relatórios do FAP, são estratégias valiosas para reduzir a carga tributária, fortalecendo a saúde financeira das empresas.
Rio de Janeiro, RJ, em 06 de agosto de 2024.
JOSÉ DIAS DE ARAUJO MACHADO OAB/RJ 110.969